domingo, 28 de outubro de 2012

Dica

Pessoal, confiram este site: 
http://www.soportugues.com.br/secoes/jogos.php#

Divirtam-se com os jogos voltados à Língua Portuguesa.

Bullying- Vamos conversar a respeito?

O que é bullying?

Bullying é um comportamento consciente, intencional, deliberado, hostil e repetido, de uma ou mais
pessoas, cuja intenção é ferir outros. Bullying pode assumir várias formas e pode incluir diferentes
comportamentos, tais como:
• Violência e ataques físicos
• Gozações verbais, apelidos e insultos
• Ameaças e intimidações
• Extorsão ou roubo de dinheiro e pertences
• Exclusão do grupo de colegas
Bullying é uma afirmacao de poder através de agressão. Suas formas mudam com a idade: bullying
escolar, assédio sexual, ataques de gangue, violência no namoro, violência conjugal, abuso infantil,
assédio no local de trabalho e abuso de idosos (Pepler e Craig, 1997).
“Bullying nao está relacionado a raiva. Nao é um conflito a ser resolvido, tem a ver com desprezo– um
forte sentimento de desgostar de alguém considerado como sem valor, inferior ou nao merecedor de
respeito. Este desprezo vem acompanhado por três aparentes vantagens psicológicas que permitem
que se machuque os outros sem sentir empatia, compaixão ou vergonha: -um sentimento de poder, de
que se tem o direito de ferir ou controlar outros; uma intolerância à diferença; e uma liberdade de
excluir, barrar, isolar e segregar outros” (Barabara Coloroso, `The bully, the bullied and the bystander`)

MITOS E FATOS SOBRE O BULLYING

Mito: “Bullying é apenas uma fase, uma parte normal da vida. Eu passei por isto e meus filhos vão
passar também.
Fato: Bullying não é um comportamento nem `normal` nem socialmente aceitável. Na verdade, se
aceitarmos este comportamento estaremos dando poder aos bullies.
Mito: “Se eu contar pra alguém, só vai piorar.’
Fato: As pesquisas mostram que o bullying pára quando adultos com autoridade e os colegas se
envolvem.
Mito: “Reaja e devolva as ofensas ou pancadas.”
Fato: Embora haja algumas vezes em que as pessoas podem ser forçadas a se defender, bater de volta
geralmente piora o bullying e aumenta o risco de sério dano físico.
Mito: “Bullying é um problema escolar, os professores é que devem tratar disto.”
Fato: Bullying é um problema social mais amplo e que ocorre com frequência fora das escolas, na rua,
nos shoppings, na piscina, nos treinamentos esportivosi e no local de trabalho dos adultos.
Mito: “As pessoas já nascem bullies.”
Fato: Bullying é um comportamento aprendido e comportamentos podem ser mudados.

* Esta temática vem sendo trabalhada no Reagrupamento pelos professores Fernando Garcez e Luiz Fabiano.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Aula 17 de Outubro- Turmas H5 e H6

Crônica 10

UM PÉ DE MILHO- Rubem Braga

Os americanos, através do radar, entraram em contato com a Lua, o que não deixa de ser emocionante. Mas o fato mais importante da semana aconteceu com o meu pé de milho.
Aconteceu que, no meu quintal, em um monte de terra trazida pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim - mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro da casa. Secaram as pequenas folhas; pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenhosamente que aquilo era capim. Quando estava com dois palmos, veio um outro amigo e afirmou que era cana.
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança suas folhas além do muro e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais - mas é diferente.
Um pé de milho sozinho, em um canteiro espremido, junto do portão, numa esquina de rua - não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas - mas na lógica de seu crescimento, tal como vi numa noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, de crinas ao vento e em outra madrugada, parecia um galo cantando.
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores lindas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que me fazem bem. É alguma coisa que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. Eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos.

Homenagem da S.E.E. aos professores

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Feliz Dia do Professor- 15 de Outubro

15 de outubro- Dia dos Professores

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
Se é jovem, não tem experiência.
Se é velho, está superado.
Se não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se tem automóvel, chora de “barriga cheia’.
Se fala em voz alta, vive gritando.
Se fala em tom normal, ninguém escuta.
Se não falta ao colégio, é um ‘caxias’.
Se Precisa faltar, é um ‘turista’.
Se conversa com os outros professores, está ‘malhando’ os alunos.
Se não conversa, é um desligado.
Se dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Se dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se não brinca com a turma, é um chato.
Se chama a atenção, é um grosso.
Se não chama a atenção, não sabe se impor.
Se a prova é longa, não dá
tempo.
Se a prova é curta, tira as chances do aluno.
Se escreve muito, não explica.
Se explica muito, o caderno não tem nada.
Se fala corretamente, ninguém entende.
Se fala a ‘língua’ do aluno, não tem vocabulário.
Se exige, é rude.
Se elogia, é debochado.
Se o aluno é reprovado, é perseguição.
Se o aluno é aprovado, deu ‘mole’.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

Jô Soares


sábado, 6 de outubro de 2012

Vamos incentivar o hábito da leitura!



Ler para uma criança contribui para sua educação e bem-estar.

Esse é o papel e a responsabilidade de todos nós. Acredite.
Ler para uma criança é um ato capaz de provocar efeitos muito positivos no seu desenvolvimento.

E quanto mais pessoas toparem essa aventura, mais feliz será o final dessa grande história.

Peça sua coleção no site: http://www.itau.com.br/itaucrianca/ e incentive o hábito de leitura de nossos alunos!

Véspera de eleições

Para refletir!!!!!!!!!

domingo, 30 de setembro de 2012

Ida ao Planetário- 26/09

        As turmas do Ciclo III do Anexo da Escola Municipal Professora Leonísia Naves de Almeida visitaram o Planetátio da UFG no dia 26 de setembro. Os alunos assistiram a um filme sobre Marte, o Planeta Vermelho. Desta forma, adquiriram conhecimentos que serão úteis nas aulas de Geografia e Ciências.



Aula (01/10- 2ª feira- Turmas H5 e H-6)

Crônica 7- Tatuagem

Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para
não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.
(Mundo Online, 4, fev., 2003)

Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42; bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
– É bom você anotar – disse ela – porque não será uma mensagem tão curta
como essa da inglesa.
Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
– “Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca” – ditou ela –, “favor não
proceder à ressuscitação”.
Uma pausa, e ela continuou:
– “E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o
mundo está cheio de ingratos.”
Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais tatuasse, mais ganharia.
Ela continuou falando.(...). Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha
adivinhado como terminaria a história (...). E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la.
– Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo o que a senhora me contou, eu
precisaria de mais três ou quatro mulheres.
Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem. (...). Ele fez uma tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico (...). Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como se tivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
(Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 10/03/2003.)


Questão 1
O trecho da crônica que mostra que o cronista inspirou-se em um fato real é
(A) a notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.
(B) as manobras de ressuscitação praticadas pelos médicos.
(C) a reprodução da conversa entre a secretária e o tatuador.
(D) a história de amor entre a secretária e o tatuador.

Questão 2
O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária
(A) ser mais jovem que a enfermeira da notícia.
(B) concluir que a vida não vale a pena.
(C) achar romântica a história da enfermeira
(D) ter se envolvido com o tatuador.

Questão 3
Um trecho do texto que expressa uma opinião é
(A) “Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa.”
(B) “O homem não comentou; perguntou apenas o que era para ser tatuado.”
(C) “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
(D) “Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde.”


QUESTÃO 4
O trecho do texto que retrata a consequência após o encontro da secretária com o
tatuador é
(A) “Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia”.
(B) “Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar”.
(C) “E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la”.
(D)” Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Gênero Textual: Notícia (Aula 25/09- Turma G5)

Canadense viaja 7.000 km para buscar mulher que encontrou em café

Um dentista canadense viajou milhares de quilômetros na tentativa de achar uma irlandesa por quem se apaixonou após dois minutos de conversa, em uma iniciativa que chamou a atenção da imprensa de vários países e até de casas de aposta.

Sandy Crocker, que mora na cidade de Kelowna, no extremo oeste do Canadá, conta que se apaixonou por uma menina ruiva que conheceu no Condado de Clare, uma região no litoral da
Irlanda.

"Eu estava viajando de férias no ano passado e foi no meu penúltimo dia antes de ir embora [que eu a conheci]", lembra Crocker.
Eu tive um breve encontro com a irlandesa mais bonita que se pode imaginar." Mas, por temer demonstrar que estava muito interessado nela, ele acabou tendo uma conversa apenas breve com a menina em uma cafeteria.

"Eu fiquei a observando. Ela é aquele tipo de pessoa que parece ser muito atenciosa. Eu me levantei e pedi algumas orientações [sobre a cidade] e perguntei que horas eram.
Talvez se eu tivesse a elogiado, dito que ela era incrível, eu teria resolvido tudo ali mesmo."

TURBILHÃO DE REPÓRTERES

Ao
voltar para o Canadá, mesmo tendo conhecido várias outras mulheres, ele não conseguia esquecer a irlandesa.

"Isso virou até piada. Toda vez que eu conhecia uma garota, meus amigos brincavam: 'ela não é a Ennistymon'", disse Cocker, que apelidou a ruiva com o nome da cidade irlandesa onde eles se conheceram, já que ele sequer sabe o seu nome.

Sandy Cocker contou a história a um casal irlandês que conheceu no Canadá. Eles o incentivaram a voltar a Irlanda, dizendo que todos no país entenderiam o seu motivo e o ajudariam na busca pela jovem.

Agora, um ano depois daquele breve encontro, ele viajou quase 7.000 km e está de volta à Irlanda, percorrendo as cidades da região na esperança de topar com a ruiva novamente.

Ele voltou ao café onde eles se encontraram e colocou um anúncio na página de classificados do jornal local, Clare People.

Mas até agora, a busca foi em vão.

Em vez de achar a garota, ele acabou atraindo um turbilhão de repórteres, que começaram a noticiar a história do dentista apaixonado.

"Se eu a encontrasse agora, acho que eu começaria a rir sobre a maluquice que tudo isso se tornou", diz.

"A história saiu em tudo que é lugar na Irlanda e agora está aparecendo nos Estados Unidos e no Canadá. Está chamando a atenção mundial. Já tem casas de apostas calculando as probabilidades de eu a encontrar, ou especulando se ela já é casada ou não. E eu sequer sei o nome dela. Essa é o aspecto mais divertido e engraçado de tudo isso."

Ele já foi entrevistado por diversos meios de comunicação em todo o mundo, desde a televisão australiana ABC News ao site americano Huffington Post.

Mesmo que não encontre a irlandesa de seus sonhos, Cocker diz que já está feliz de ter tentado.

"Eu dei uma chance para a sorte", diz. "A maioria das pessoas ia apenas rir e esquecer. Mas eu voltarei para casa e, daqui a 50 anos, não vou ter me arrependido das poucas semanas que passei percorrendo a Irlanda, sendo um pouco tolo, tentando achar uma garota que achei que era linda."
Fonte: Folha. Com (Site www.bol.com.br)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Aula 20/09 Turma I-6 (Trabalho sobre o conto "Biruta")



Sobre Biruta- Lygia Fagundes Telles

 
1)      Faça um comentário sobre as personagens:
a) Biruta
b) Alonso
c) Leduína
d) Dona Zulu
2)      Por que Alonso compara Biruta a uma “criancinha”?
3)      Em que data comemorativa se passa a narrativa? Comente para onde cada personagem do conto irá nesta ocasião.
4)    Durante uma conversa com Leduína, Alonso comenta sobre a madrinha que tivera no asilo. Comente esta passagem.
5)   Alonso pode ser considerado um menino feliz? Justifique sua resposta com base nas passagens do texto.
6)      No conto, Alonso fora enganado por duas vezes. Faça um comentário sobre cada uma destas passagens.
7)      Explique a importância de Biruta na vida de Alonso.
8)      Como era a vida de Alonso? O que ele fazia? Como ele se divertia?
9)      O desfecho do conto enfatiza a solidão pela qual a personagem fora submetida durante toda a vida. Comente esta afirmação.
10)   Qual  é o foco narrativo do conto?
11)   Por que a autora decidiu utilizar o Natal para selar os destinos das personagens principais? 
12) ) O que achou do conto? Justifique sua resposta. 

* Favor levar na 5ª feira duas folhas de papel almaço com pautas. O trabalho será feito em sala de aula.

domingo, 16 de setembro de 2012

Gênero textual- Conto (Aula 18/09 Turma I-6)

Biruta
Lygia Fagundes Telles

   Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava com dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus bracinhos finos.
   - Biruta, eh, Biruta! - chamou sem se voltar.
O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída.
   - Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha - disse Alonso pousando a bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos.
   Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente a cabeça ora para a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as palavras do seu dono. A orelha caída ergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda e ereta. Entre elas, formaram-se dois vincos, próprios de uma testa franzida do esforço de meditação.
   - Leduína disse que você entrou no quarto dela - começou o menino num tom brando. - E subiu em cima da cama e focinhou as cobertas e mordeu uma carteirinha de couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou muito. Mas se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me diga agora o que é que ia acontecer se ela fosse uma carteira nova!? Leduína te dava uma surra e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você arrebentou a franja da cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor, não precisa fazer essa cara de inocente!...
   Biruta deitou-se, enfiou o focinho entre as patas e baixou a orelha. Agora, ambas as orelhas estavam no mesmo nível, murchas, as pontas quase tocando o chão. Seu olhar interrogativo parecia perguntar:
   "Mas o que foi que eu fiz, Alonso? Não me lembro de nada..."
   - Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que não acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! - repetiu Alonso lavando furiosamente os pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre os pulsos finos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha as mãos de velho
   - Alonso, anda ligeiro com essa louça! - gritou Leduína, aparecendo por um momento na janela da cozinha. - Já está escurecendo, tenho que sair!
   - Já vou indo - respondeu o menino enquanto removia a água da boca. Voltou-se para o cachorro. E seu rostinho pálido se confrangeu de tristeza. Por que Biruta não se emendava, por que? Por que razão não se esforçava um pouco para ser merlhorzinho? Dona Zulu já andava impaciente. Leduína também. Birtura fez isso, Biruta fez aquilo...
   Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne. Leduína ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava encher os pastéis, "Alonso, você não viu onde deixei a carne?" Ele estremeceu. Biruta! Disfarçadamente, foi à garagem no fundo do quintal, onde dormia com o cachorro num velho colchão metido num ângulo de parede. Biruta estava lá deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.
   Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu que a carne desaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado, "o que é que eu faço, dona Zulu?"
   Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente os cabelos. Ele então tirou a carne de dentro da camisa, ajeitou o papel já todo roto que a envolvia e entrou com a posta na mão
   - Está aqui Leduína.
   - Mas falta um pedaço!
   - Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e aproveitei quando você foi na quitanda.
   - Mas por que você escondeu o resto? - perguntou a patroa, aproximando-se
   - Por que fiquei com medo.
   Tinha bem vivo na memória a dor que sentira nas mãos corajosamente abertas para os golpes da escova. Lágrimas saltaram-lhe dos olhos. Os dedos foram ficando roxos, mas ela continuava batendo com aquele mesmo vigor obstinado com que escovara os cabelos, batendo, batendo, como se não pudesse parar mais.
   - Atrevido! Ainda te devolvo pro asilo, seu ladrãzinho!
   Quando ele voltou à garagem, Biruta já estava lá, as duas orelhas caídas, o focinho entre as patas, piscando, piscando os olhinhos ternos. "Biruta, Biruta, apanhei por sua causa, mas não faz mal."
   Biruta então ganiu sentidamente. Lambeu-lhe as lágrimas. Lambeu-lhe as mãos.
   Isso tinha acontecido há duas semanas. E agora Biruta mordera a carteirinha de Leduína. E se fosse a carteira de dona Zulu?
   - Hem, Biruta?! E se fosse a carteira de dona Zulu?
   Já desinteressado, Biruta mascava uma folha seca.
   - Por que você não arrebenta minhas coisas? - prosseguiu o menino elevando a voz. - Você sabe que tem todas as minhas coisas pra morder, não sabe? Pois agora não te dou presente de Natal, está acabado. você vai ver se ganha alguma coisa. Você vai ver!...
   Girou sobre os calcanhares, dando as costas ao cachorro. Resmungou ainda enquanto empilhava a louça na bacia. Em seguida, calou-se, esperando qualquer reação por parte do cachorro. Como a reação tardasse, lançou-lhe um olhar furtivo. Biruta dormia profundamente.
   Alonso então sorriu. Biruta era como uma criança. Por que não entendiam isso? Não fazia nada por mal, queria só brincar... Por que dona Zulu tinha tanta raiva dele? Ele só queria brincar, como as crianças. Por que dona Zulu tinha tanta raiva de crianças?
   Uma expressão desolada amarfanhou o rostinho do menino. "Por que dona Zulu tem que ser assim? O doutor é bom, quer dizer, nunca se importou nem comigo nem com você, é como se a gente não existisse, Leduína tem aquele jeitão dela, mas duas vezes já me protegeu. Só dona Zulu não entende que você é que nem uma criancinha. Ah Biruta, Biruta, cresça logo, pelo amor de Deus! Cresça logo e fique um cachorro sossegado, com bastante pêlo e as duas orelhas de pé! Você vai ficar lindo quando crescer, Biruta, eu sei que vai!"
   - Alonso! - Era a voz de Leduína. - Deixe de falar sozinho e traga logo essa bacia. Já está quase noite, menino.
   - Chega de dormir, seu vagabundo! - disse Alonso espargindo água no focinho do cachorro.
   Biruta abriu os olhos, bocejou com um ganido e levantou-se, estirando as patas dianteiras, num longo espreguiçamento.
   O menino equilibrou penosamente a bacia na cabeça. Biruta segiu-o aos pulos, mordendo-lhe os tornozelos, dependurando-se com os dentes na barra do seu avental.
   - Aproveita, seu bandidinho! - riu-se Alonso. - Aproveita que eu estou com a mão ocupada, aproveita!
   Assim que colocou a bacia na mesa, ele inclinou-se para agarrar o cachorro. Mas Biruta esquivou-se, latindo. O menino vergou o corpo sacudido pelo riso.
   - Aí, Leduína que o Biruta judiou de mim!...
A empregada pôs-se guardar rapidamente a louça. Estendeu-lhe uma caçarola com batatas:
   - Olhaí para o seu jantar. Tem ainda arroz e carne no forno.
   - Mas só eu vou jantar? - surpreendeu-se Alonso ajeitando a caçarola no colo.
   - Hoje é dia de Natal, menino. Eles vão jantar fora, eu também tenho a minha festa. Você vai jantar sozinho.
   Alonso inclinou-se. E espiou apreensivo para debaixo do fogão. Dois olhinhos brilharam no escuro:
   Biruta estava lá. Alonso suspirou. Era bom quando Biruta resolvia se sentar! Melhor ainda quando dormia. Tinha então a certeza de que não estava acontecendo nada. A trégua. Voltou-se para Leduína.
   - O que o seu filho vai ganhar?
   - Um cavalinho - disse a mulher. A voz suavizou. - Quando ele acordar amanhã, vai encontrar o cavalinho dentro do sapato dele. Vivia me atormentado que queria um cavalinho, que queria um cavalinho...
   Alonso pegou uma batata cozida, morna ainda. Fechou-a nas mãos arroxeadas.
   - Lá no asilo, no Natal, apareciam umas moços com uns saquinhos de balas e roupas. Tinha uma que já me conhecia, me dava sempre dois pacotinhos em lugar de um. A madrinha. Um dia, me deu sapato, um casaquinho de malha e uma camisa.
   - Por que ela não ficou com você?
   - Ela disse uma vez que ia me levar, ela disse. Depois, não sei por que ela não apareceu mais...
   Deixou cair na caçarola a batata já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas em torno a vasilha.
Apertou os olos. Deles, irradiou-se para todo o rosto uma expressão dura. Dois anos seguidos esperou por ela. Pois não prometera levá-lo? Não prometera? Nem lhe sabia o nome, não sabia nada a seu respeito, era apenas "a madrinha". Inutilmente a procurava entre as moças que apareciam no fim do ano com os pacotes de presentes. Inutilmente cantava mais alto do que todos no fim da festa, quando então se reunia os meninos na capela. Ah, se ele pudesse ouvi-lo!
                "... O bom Jesus é quem nos traz
                A mensagem de amor e alegria"...
   - Também, é uma responsabilidae tirar crianças pra criar! - disse Leduína desamarrando o avental - Já chega os que a gente tem.
   Alonso baixou o olhar. E de repente sua fisionomia iluminou-se. Puxou o cachorro pelo rabo.
   - Eh Biruta! Está com fome, Biruta? Seu vagabundo! Vagabundo!... Sabe Leduína, Biruta também vai ganhar um presente que está escondido lá debaixo do meu travesseiro. Com aquele dinheiriho que você me deu, lembra. Comprei uma bola de borracha, uma beleza de bola! Agora ele não vai precisar mais morder suas coisas, tem a bolinha só pra isso. Ele não vai mais mexer em nada, sabe, Leduína?
   - Hoje cedo ele não esteve no quarto de dona Zulu? O menino empalideceu.
   - Só se foi na hora que eu fui lavar o automóvel... Por que Leduína? Por que? Que foi que aconteceu?
   Ela hesitou. E encolheu os ombros.
   - Nada. Perguntei à toa.
   A porta abriu-se bruscamente e a patroa apareceu. Alonso encolheu-se um pouco. Sondou a fisionomia da mulher. Mas ela estava sorridente. O menino sorriu também.
   - Ainda não foi pra sua festa, Leduína? - perguntou a moça num tom afável. Abotoava os punhos do vestido de renda. - Pensei que você já tivesse saído... - E antes que a empregada respondesse, ela voltou-se para Alonso: - Então? preparando seu jantarzinho?
   O menino baixou a cabeça. Quando ela lhe falava assim mansamente, ele não sabia o que dizer.
   - O Biruta está limpo, não está? - Prosseguiu a mulher, inclinando-se para fazer uma carícia na cabeça do cochorro. Biruta baixou as orelhas, ganiu dolorido e escondeu-se debaixo do fogão.
   Alonso tentou encobrir-lhe a fuga:
   - Biruta, Biruta! Cachorro mais bobo, deu agora de se esconder... - Voltou-se para a patroa. E sorriu desculpando-se: - Até de mim ele se esconde,
   A mulher pousou a mão no ombro do menino:
   - Vou numa festa onde tem um menininho assim do seu tamanho. Ele adora cachorros. Então me lembrei de levar o Biruta emprestado só por esta noite. O pequeno está doente, vai ficar radiante, o pobrezinho. Você empresta só por hoje, não empresta? O automóvel já está na porta. Ponha ele lá que já estamos de saída.
   O rosto do menino resplandeceu. Mas então era isso?!... Dona Zulu pedindo o Biruta emprestado, precisando do Biruta! abriu a boca para dizer-lhe que sim, que o Biruta estava limpinho e que ficaria contente de emprestá-lo ao menino doente. Mas sem dar-lhe tempo de responder, a mulher saiu apressadamente da cozinha.
   - Viu Biruta? Você vai numa festa! - exclamou. - Numa festa de crianças, com doces, com tudo! Numa festa, seu sem-vergonha! - Repetiu, beijando o focinho do cachorro. - Mas, pelo amor de Deus, tenha juizo, nada de desordens! Se você se comportar, amanhã cedinho te dou uma coisa. Vou te esperar acordado, hem? Tem um presente no seu sapato... - acrescentou num sussurro, com a boca encostada na orelha do cachorro. Apertou-lhe a pata.
   - Te espero acordado, Biru... Mas não demore muito!
   O patrão já estava na direção do carro. Alonso aproximou-se.
   - O Biruta, doutor
   O homem voltou-se ligeiramente. Baixou os olhos.
   - Está bem, está bem. Deixe ele aí atrás.
   Alonso ainda beijou o focinho do cachorro. Em seguida, fez-lhe uma última carícia, colocou-o no assento do automóvel e afastou-se correndo.
   - Biruta vai adorar a festa! - exclamou assim que entrou na cozinha - E lá tem doces, tem crianças, ele não quer outra coisa! - Fez uma pausa. Sentou-se. - Hoje festa em toda parte, não, Leduína?
   A mulher já se preparava para sair.
   - Decerto.
   Alonso pôs-se a mastigar pensativamente.
   - Foi hoje que Nossa Senhora fugiu no burrinho?
   - Não, menino. Foi hoje que Jesus nasceu. Depois então é que aquele rei manda prender os três.
Alonso concentrou-se:
   - Sabe, Leduína, se algum rei malvado quisesse matar o Biruta, eu me escondia com ele no meio do mato e ficava morando lá a vida inteira, só nós dois! Riu-se metendo uma batata na boca. E de repente ficou sério, ouvindo o ruído do carro que já saia. - Dona Zulu estava linda, não?:
   - Estava.
   - E tão boazinha. Você não achou que hoje ela estava boazinha?
   - Estava, estava muito boazinha...
   - Por que você está rindo?
   - Nada - respondeu ela pegando a sacola. Dirigiu-se à porta. Mas antes parecia querer dizer alguma coisa de desagradável e por isso hesitava, contraindo a boca.
   Alonso observou-a. E julgou advinhar o que a preocupava.
   - Sabe, Leduína. Você não precisa dizer pra dona Zulu que ele mordeu sua carteirinha, eu já falei com ele, já surrei ele. Não vai fazer isso nunca, eu prometo que não.
   A mulher voltou-se para o menino. Pela primeira vez, encarou-o. Vacilou ainda um instante. Decidiu-se:
   - Olha aqui. se eles gostam de enganar os outros, eu não gosto, entendeu? Ela mentiu pra você, Biruta não vai mais voltar.
   - Não vai o quê - perguntou Alonso pondo a caçarola em cima da mesa. Engoliu com dificuldade o pedaço de batata que ainda tinha na boca. Levantou-se - Não vai o quê, Leduína?
   - Não vai mais voltar. Hoje cedo ele foi no quarto dela e rasgou um pé de meia que estava no chão. Ela ficou daquele jeito. Mas não te disse nada e agora de tardinha, enquanto você lavava a louça, escutei a conversa dela com o doutor: que não queria mais esse vira-lata, que ele tinha que ir embora hoje mesmo, e mais isso. e mais aquilo... o doutor pediu pra ela esperar, que amanhã dava um jeito, você ia sentir muito, hoje era Natal... Não adiantou. Vão soltar o cachorro bem longe daqui e depois vão pra festa. Amanhã ela vinha dizer que o cachorro fugiu da casa do tal menino. Mas eu não gosto dessa história de enganar os outros, não gosto. É melhor que você fique sabendo desde já, o Biruta não vai mais voltar.
   Alonso fixou na mulher o olhar inexpressivo. Abiu a boca. A voz era um sopro.
   - Não?...
   Ela pertubou-se.
   - Que gente também! - explodiu. Bateu desajeitadamente no ombro do menino. - Não se importe, não, filho. Vai, vai jantar.
   Ele deixou cair os braços ao longo do corpo. E arrastando os pés, num andar de velho, foi saindo para o quintal. Dirigiu-se à garagem. A porta de ferro estava erguida.
A luz fria do luar chegava até aborda do colchão desmantelado.
   Alonso travou os olhos brilhantes num pedaço de osso roído, meio encoberto sob um rasgão do lençol. Ajoelhou-se. Estendeu a mão tateante. Tirou de baixo do travesseio uma bola de borracha.
   - Biruta - chamou baixinho - Biruta... - E desta vez só os lábio se moveram e não saiu som algum.
   Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, segurando a bola. Depois apertou-a fortemente contra o coração.
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Fonte: De conto em conto. São Paulo: Ática, 2004

Gênero textual- Crônica (Aulas 17/09 e 19/09- Turmas H5 e H6)

Crônica 4- O ônibus
O ônibus é um automóvel que ou a gente pega ele ou ele pega a gente. Se a gente está dentro dele é muito engraçado ver como ele vai passando bem justo nos buracos que ficam entre um carro e outro, mas agora se a gente está na rua dá sempre a impressão de que ele vem em cima da gente, e, às vezes,vem mesmo.
Como ônibus dá muita trombada eu acho que as fábricas já fazem eles velhos, pois eu nunca vi nenhum novo.
Os carros grã-finos parecem que têm muito medo dos ônibus assim como os meninos grã-finos têm medo de brincar com os moleques pra não se sujar, e vão logo se afastando. Eu acho que o ônibus é o animal feroz das cidades.

FERNANDES, Millôr. Compozissõis Imfãtis. Rio de Janeiro; Editora Nórdica, 1975


Crônica 5- Torpedos- Moacyr Scliar

Apesar do fracasso dos quatro vestibulandos que haviam tentado fraudar a prova mediante mensagens pelo celular, ela decidiu fazer a mesma coisa. Em primeiro lugar, porque morava numa cidade muito menor que o Rio, na qual as medidas de segurança não eram tão rigorosas. Depois, não recorreria a quadrilha nenhuma, coisa que, segundo imaginava, tornava a operação vulnerável. Em terceiro lugar, não tinha outra opção: não sabia quase nada, e era certo que seria reprovada. Por último, havia uma coincidência favorável: estava com o antebraço esquerdo engessado. Nada preocupante, e na verdade ela até poderia ter tirado o gesso, mas não o fizera e agora contava com um ótimo esconderijo para o celular. Quem mandaria o gabarito? O namorado, claro. Rapaz inteligente (já estava cursando a faculdade), ele só teria de perguntar as questões para alguém que tivesse terminado a prova e enviar o gabarito por torpedo. Quando ela fez a proposta ao rapaz, ele pareceu-lhe um tanto relutante, incomodado mesmo. E no dia do vestibular ela descobriu por quê. Quarenta minutos depois de iniciada a prova, ela recebeu o tão esperado torpedo. Para sua surpresa, não continha o gabarito, e sim uma mensagem: "Sinto muito, mas não posso continuar namorando uma pessoa tão desonesta. Considere terminada a nossa relação. PS: boa sorte no vestibular". Com o que ela foi obrigada a concluir: tão importante quanto o torpedo é aquele que dispara o torpedo