domingo, 16 de setembro de 2012

Gênero textual- Crônica (Aulas 17/09 e 19/09- Turmas H5 e H6)

Crônica 4- O ônibus
O ônibus é um automóvel que ou a gente pega ele ou ele pega a gente. Se a gente está dentro dele é muito engraçado ver como ele vai passando bem justo nos buracos que ficam entre um carro e outro, mas agora se a gente está na rua dá sempre a impressão de que ele vem em cima da gente, e, às vezes,vem mesmo.
Como ônibus dá muita trombada eu acho que as fábricas já fazem eles velhos, pois eu nunca vi nenhum novo.
Os carros grã-finos parecem que têm muito medo dos ônibus assim como os meninos grã-finos têm medo de brincar com os moleques pra não se sujar, e vão logo se afastando. Eu acho que o ônibus é o animal feroz das cidades.

FERNANDES, Millôr. Compozissõis Imfãtis. Rio de Janeiro; Editora Nórdica, 1975


Crônica 5- Torpedos- Moacyr Scliar

Apesar do fracasso dos quatro vestibulandos que haviam tentado fraudar a prova mediante mensagens pelo celular, ela decidiu fazer a mesma coisa. Em primeiro lugar, porque morava numa cidade muito menor que o Rio, na qual as medidas de segurança não eram tão rigorosas. Depois, não recorreria a quadrilha nenhuma, coisa que, segundo imaginava, tornava a operação vulnerável. Em terceiro lugar, não tinha outra opção: não sabia quase nada, e era certo que seria reprovada. Por último, havia uma coincidência favorável: estava com o antebraço esquerdo engessado. Nada preocupante, e na verdade ela até poderia ter tirado o gesso, mas não o fizera e agora contava com um ótimo esconderijo para o celular. Quem mandaria o gabarito? O namorado, claro. Rapaz inteligente (já estava cursando a faculdade), ele só teria de perguntar as questões para alguém que tivesse terminado a prova e enviar o gabarito por torpedo. Quando ela fez a proposta ao rapaz, ele pareceu-lhe um tanto relutante, incomodado mesmo. E no dia do vestibular ela descobriu por quê. Quarenta minutos depois de iniciada a prova, ela recebeu o tão esperado torpedo. Para sua surpresa, não continha o gabarito, e sim uma mensagem: "Sinto muito, mas não posso continuar namorando uma pessoa tão desonesta. Considere terminada a nossa relação. PS: boa sorte no vestibular". Com o que ela foi obrigada a concluir: tão importante quanto o torpedo é aquele que dispara o torpedo

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